"O homem não está na natureza. Ele é da natureza", disse o médico e alquimista suíço Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheinou, mais conhecido como Paracelso, nas primeiras décadas de 1500.
Ter sempre em mente que o ser humano está intimamente ligado à natureza faz parte de uma necessária conscientização. Ao longo da história da humanidade, este alerta sempre foi dado.
No ano de 1854, o então presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, ao fazer uma proposta de compra de terras a uma tribo indígena, recebeu como resposta do chefe dos Seatle, um dos mais belos discursos já feitos sobre a relação do homem com a natureza. Diz o pronunciamento em seu início:
"Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los? Cada pedaço dessa terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem a sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, o sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem - todos pertencem à mesma família".
(Este texto de tão belo e profundo, passou a compor o programa para o meio ambiente da ONU.)
Esta relação torna-se mais estreita, quando nos voltamos para o oriente, onde podemos ver textos como o milenar I Ching, onde em sua lógica cósmica nos diz que o homem é um microcosmo dentro de um macrocosmo.
A própria dinâmica dos átomos que compõe as células de nosso corpo é um espelho do funcionamento do universo. Em torno do seu núcleo, giram elétrons, assim como em torno do sol giram os planetas.
E é de um gênio da física, Albert Einstein (1879-1955), a seguinte frase:
"Um ser humano é uma parte do todo ao qual chamamos de Universo... Ele concebe a si mesmo, às suas idéias e sentimentos como algo separado de todo o resto. É como se fosse uma espécie de ilusão de ótica da sua consciência. Essa ilusão é um tipo de prisão para nós, restringindo-se aos nossos desejos pessoais e reservando nossa afeição a algumas poucas pessoas mais próximas de nós. Nossa tarefa deve ser libertarmo-nos dessa prisão ampliando o nosso círculo de compaixão de maneira a abranger todas as criaturas vivas e toda a natureza em sua beleza".
Não é por outro motivo, que o homem identifica nos eventos da natureza, características que encontra em seu próprio comportamento.
Assim o faz, por exemplo, com a mais simbólica de todas as estações: a primavera. Mais do que um evento astronômico chamado de equinócio, quando o dia e a noite se igualam na duração, a primavera é uma representação da alegria, das cores, uma celebração da explosão da vida.
Nos diz a filosofia Taoísta, que tudo no universo se processa em movimentos de expansão, inércia e retração. A primavera seria este movimento de expansão da natureza. As sementes lançadas ao solo através do amadurecimento dos frutos no outono (retração), germinam na quietude do inverno (inércia) e explodem em cores vivas na primavera.
Vemos este processo também em nosso dia-a-dia, a cada novo passo a ser dado na vida, quando nos concentramos para planejar (retração) para decidirmos o melhor procedimento (ação - expansão) a ser feito.
Uma estação que afeta nosso comportamento por termos projetados nela, sentimentos de alegria e celebração da vida.
Neste período, várias celebrações ocorrem em vários pontos do mundo, resgatando a eterna relação entre o homem e a natureza. As festividades mais marcantes são em culturas milenares como a japonesa e a chinesa.
No Japão, a primavera é recebida em festa. Época de "Hanami" que significa "ver o florescer".
Originariamente surgida na era Heian (794/1185), o Hanami era uma festividade restrita à aristocracia. Sua popularização se deu durante a era Edo (1688/1704), quando as pessoas se reuniam sob as cerejeiras para comer, beber e dançar. Uma celebração importante, em uma época dominada pelos Shoguns, senhores feudais, onde a liberdade de comportamento para a população era bastante restrita.
O Sakura Matsuri, a comemoração das cerejeiras é celebrada em todo o território japones. A cerejeira é uma planta adorada pelo povo japonês por ser símbolo da felicidade. Contam, que os antigos samurais, ao morrer num
campo de batalha, eram cobertos por pétalas de cerejeira, o que fazia seu espírito se encher de orgulho.
O sakura (cerejeira) é o símbolo nacional, pois para os japoneses, sua forma e cor refletem os ideais mais puros e simples do ser humano. Praticamente todos os arranjos florais japoneses (ikebana) contem flores, botões e ramos
de cerejeira.
Na China, temos a celebração do ano novo chinês, o Festival da Primavera. O nome do Festival faz referência ao ano novo lunar que se inicia na primavera, diferente do ano novo ocidental. O calendário gregoriano foi oficializado apenas em 1912, na fundação da República da China e o nome permaneceu para diferenciar as duas passagens de ano.
Nessa noite, por ser a primeira lua cheia do ano chinês, são feitos os bolos de lua, com forma arredondada e que representam a unidade familiar.
Aqui no Brasil, a primavera é uma das estações preferidas. Está associada ao romance, ao amor. Um período bom para iniciar-se namoros.
Mas enfim... é primavera. E como diz Beto Guedes: "quando entrar setembro, e a boa nova andar nos campos", caminhemos então entre o verde e as coloridas flores não nos sentindo intrusos, mas sim, relembrando Paracelso, como um elemento que faz parte deste belo quadro. Para isto, basta que despertemos a primavera em nossos espíritos.
Texto de Fernando Martins
Retirado site: http://somostodosum.ig.com.br/p.asp?i=12776
Ter sempre em mente que o ser humano está intimamente ligado à natureza faz parte de uma necessária conscientização. Ao longo da história da humanidade, este alerta sempre foi dado.
No ano de 1854, o então presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, ao fazer uma proposta de compra de terras a uma tribo indígena, recebeu como resposta do chefe dos Seatle, um dos mais belos discursos já feitos sobre a relação do homem com a natureza. Diz o pronunciamento em seu início:
"Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los? Cada pedaço dessa terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem a sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, o sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem - todos pertencem à mesma família".
(Este texto de tão belo e profundo, passou a compor o programa para o meio ambiente da ONU.)
Esta relação torna-se mais estreita, quando nos voltamos para o oriente, onde podemos ver textos como o milenar I Ching, onde em sua lógica cósmica nos diz que o homem é um microcosmo dentro de um macrocosmo.
A própria dinâmica dos átomos que compõe as células de nosso corpo é um espelho do funcionamento do universo. Em torno do seu núcleo, giram elétrons, assim como em torno do sol giram os planetas.
E é de um gênio da física, Albert Einstein (1879-1955), a seguinte frase:
"Um ser humano é uma parte do todo ao qual chamamos de Universo... Ele concebe a si mesmo, às suas idéias e sentimentos como algo separado de todo o resto. É como se fosse uma espécie de ilusão de ótica da sua consciência. Essa ilusão é um tipo de prisão para nós, restringindo-se aos nossos desejos pessoais e reservando nossa afeição a algumas poucas pessoas mais próximas de nós. Nossa tarefa deve ser libertarmo-nos dessa prisão ampliando o nosso círculo de compaixão de maneira a abranger todas as criaturas vivas e toda a natureza em sua beleza".
Não é por outro motivo, que o homem identifica nos eventos da natureza, características que encontra em seu próprio comportamento.
Assim o faz, por exemplo, com a mais simbólica de todas as estações: a primavera. Mais do que um evento astronômico chamado de equinócio, quando o dia e a noite se igualam na duração, a primavera é uma representação da alegria, das cores, uma celebração da explosão da vida.
Nos diz a filosofia Taoísta, que tudo no universo se processa em movimentos de expansão, inércia e retração. A primavera seria este movimento de expansão da natureza. As sementes lançadas ao solo através do amadurecimento dos frutos no outono (retração), germinam na quietude do inverno (inércia) e explodem em cores vivas na primavera.
Vemos este processo também em nosso dia-a-dia, a cada novo passo a ser dado na vida, quando nos concentramos para planejar (retração) para decidirmos o melhor procedimento (ação - expansão) a ser feito.
Uma estação que afeta nosso comportamento por termos projetados nela, sentimentos de alegria e celebração da vida.
Neste período, várias celebrações ocorrem em vários pontos do mundo, resgatando a eterna relação entre o homem e a natureza. As festividades mais marcantes são em culturas milenares como a japonesa e a chinesa.
No Japão, a primavera é recebida em festa. Época de "Hanami" que significa "ver o florescer".
Originariamente surgida na era Heian (794/1185), o Hanami era uma festividade restrita à aristocracia. Sua popularização se deu durante a era Edo (1688/1704), quando as pessoas se reuniam sob as cerejeiras para comer, beber e dançar. Uma celebração importante, em uma época dominada pelos Shoguns, senhores feudais, onde a liberdade de comportamento para a população era bastante restrita.
O Sakura Matsuri, a comemoração das cerejeiras é celebrada em todo o território japones. A cerejeira é uma planta adorada pelo povo japonês por ser símbolo da felicidade. Contam, que os antigos samurais, ao morrer num
campo de batalha, eram cobertos por pétalas de cerejeira, o que fazia seu espírito se encher de orgulho.
O sakura (cerejeira) é o símbolo nacional, pois para os japoneses, sua forma e cor refletem os ideais mais puros e simples do ser humano. Praticamente todos os arranjos florais japoneses (ikebana) contem flores, botões e ramos
de cerejeira.
Na China, temos a celebração do ano novo chinês, o Festival da Primavera. O nome do Festival faz referência ao ano novo lunar que se inicia na primavera, diferente do ano novo ocidental. O calendário gregoriano foi oficializado apenas em 1912, na fundação da República da China e o nome permaneceu para diferenciar as duas passagens de ano.
Nessa noite, por ser a primeira lua cheia do ano chinês, são feitos os bolos de lua, com forma arredondada e que representam a unidade familiar.
Aqui no Brasil, a primavera é uma das estações preferidas. Está associada ao romance, ao amor. Um período bom para iniciar-se namoros.
Mas enfim... é primavera. E como diz Beto Guedes: "quando entrar setembro, e a boa nova andar nos campos", caminhemos então entre o verde e as coloridas flores não nos sentindo intrusos, mas sim, relembrando Paracelso, como um elemento que faz parte deste belo quadro. Para isto, basta que despertemos a primavera em nossos espíritos.
Texto de Fernando Martins
Retirado site: http://somostodosum.ig.com.br/p.asp?i=12776
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