Se não tem, cultive esse dom, porque ele é uma tábua-de-salvação. Nos momentos em que a vida te prensa na parede e você fica desesperado, tente encarar o problema com humor – e rir de si mesmo. É melhor do que infindáveis sessões de psicanálise, e não dói no bolso.
Perdeu o emprego? Experimente relembrar as idiotices do seu patrão – e ria, já em desamparada liberdade. O casamento acabou? Concentre-se nos momentos constrangedores da relação – e ria, porque vistos “de fora” esses momentos são gargalháveis. Se bateram no teu carro, lembre-se da cara inocente do culpado ao sustentar que você não deu sinal para entrar à esquerda. Ao ser multado porque a placa do seu automóvel foi clonada, entre com um recurso – e, se perder, dê um sorriso amarelo e pague. Se o vizinho do apartamento de cima costuma arrastar móveis às duas da madrugada, reclame com o síndico – e ria de impotência ao ficar sabendo que o vizinho de cima é o próprio síndico. Apostou cuidadosamente 100 reais na Mega-Sena e um carinha de Alagoas ganhou sozinho apostando apenas R$ 1,50? Ria da sua “falta de sorte”. Se por acidente quebrou a perna e precisa ficar três meses engessado, ria – e curta as mensagens que vai receber com caneta bic no gesso.
Rir das próprias desgraças é mesmo a melhor saída.
Mas se uma pessoa querida for seqüestrada, não ria.
Dê um jeito de pagar o resgate.
Aliás, preste atenção: a forma mais perfeita de um conto literário é a piada. Porque ela é geralmente rápida, com começo-meio-e-fim perfeito. A grande piada se revela na última frase – que sempre dá um sentido inverso à história inicial e provoca o riso. E tem a vantagem de percorrer rotas imprevisíveis – via oral, e hoje pela internet, se aperfeiçoando na linha “quem conta um conto, aumenta um ponto”. No Brasil a piada é sempre a catarse para as dores do povo. Ayrton Senna morreu? Piadas pra descurtir a tragédia. O Presidente da hora é suspeito? Piadas nele! Muitos morrem pelas “balas perdidas”? Ora, os caras estão é “errando o alvo”.
Rir de si mesmo não é só um ato de coragem, mas também de otimismo. Como bem ilustra esta frase de Millôr Fernandes: “O sujeito cai do vigésimo andar do prédio e, quando está passando pelo terceiro pensa até aqui, tudo bem”.
“Jesus Salva”. Mas o humor – mesmo que às vezes amargo – também pode salvar.
Texto de Luciano Pires - site: http://www.lucianopires.com.br
Perdeu o emprego? Experimente relembrar as idiotices do seu patrão – e ria, já em desamparada liberdade. O casamento acabou? Concentre-se nos momentos constrangedores da relação – e ria, porque vistos “de fora” esses momentos são gargalháveis. Se bateram no teu carro, lembre-se da cara inocente do culpado ao sustentar que você não deu sinal para entrar à esquerda. Ao ser multado porque a placa do seu automóvel foi clonada, entre com um recurso – e, se perder, dê um sorriso amarelo e pague. Se o vizinho do apartamento de cima costuma arrastar móveis às duas da madrugada, reclame com o síndico – e ria de impotência ao ficar sabendo que o vizinho de cima é o próprio síndico. Apostou cuidadosamente 100 reais na Mega-Sena e um carinha de Alagoas ganhou sozinho apostando apenas R$ 1,50? Ria da sua “falta de sorte”. Se por acidente quebrou a perna e precisa ficar três meses engessado, ria – e curta as mensagens que vai receber com caneta bic no gesso.
Rir das próprias desgraças é mesmo a melhor saída.
Mas se uma pessoa querida for seqüestrada, não ria.
Dê um jeito de pagar o resgate.
Aliás, preste atenção: a forma mais perfeita de um conto literário é a piada. Porque ela é geralmente rápida, com começo-meio-e-fim perfeito. A grande piada se revela na última frase – que sempre dá um sentido inverso à história inicial e provoca o riso. E tem a vantagem de percorrer rotas imprevisíveis – via oral, e hoje pela internet, se aperfeiçoando na linha “quem conta um conto, aumenta um ponto”. No Brasil a piada é sempre a catarse para as dores do povo. Ayrton Senna morreu? Piadas pra descurtir a tragédia. O Presidente da hora é suspeito? Piadas nele! Muitos morrem pelas “balas perdidas”? Ora, os caras estão é “errando o alvo”.
Rir de si mesmo não é só um ato de coragem, mas também de otimismo. Como bem ilustra esta frase de Millôr Fernandes: “O sujeito cai do vigésimo andar do prédio e, quando está passando pelo terceiro pensa até aqui, tudo bem”.
“Jesus Salva”. Mas o humor – mesmo que às vezes amargo – também pode salvar.
Texto de Luciano Pires - site: http://www.lucianopires.com.br
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