Segundo a numerologia eu nasci com uma alma de vibração numerológica 9. O último número deste oráculo criado por Pitágoras há 2600 anos, ele fala de aprendizado e realizações a partir da prática da generosidade e do amor universal.
Isto significa dizer que, desde o dia em que cortaram o meu cordão umbilical até minha passagem, devo estar vibrando nesta energia do amor incondicional e da generosidade. Ou seja, atraindo pessoas que necessitam de ajuda, de esclarecimento, de serem ouvidas, compreendidas, percebidas, enfim... Uma vida sem preconceitos, dedicada a prestar serviço à humanidade, realizando um trabalho incessante de consciência social.
Mas quem disse que eu conseguia fazer isso? Hoje percebo que nos meus primeiros 7 anos isso foi canja. A minha pureza e espontaneidade de criança me permitiram realizar esta missão com os pés nas costas.
Mas e depois? Fui ficando travada, triste com o planeta, com as pessoas. Uma rebelde, decepcionava-me a cada dia. Comecei a desenvolver uma necessidade de julgar, comparar, criticar, e muito "inteligente", comecei a estimar que a humanidade, por toda a sua história milenar, não tinha esperanças ou salvação.
Logicamente, fazendo parte desta humanidade, ao longo dos anos, comecei a não ter muita vontade de estar na Terra porque a desesperança se transformou no meu verbo principal.
Mas algo muito silencioso e interno me dizia: Você deve estar errada, deve haver algo mais. E assim eu não desistia e seguia insistindo e buscando o esconderijo deste "algo mais".
Curiosa e questionadora insaciável, conforme fui adentrando neste mundo do autoconhecimento, fiquei sabendo desta qualidade da minha alma, e me questionando fortemente: O que é exatamente a generosidade? Como praticá-la de forma tranqüila, sem preconceitos ou auditorias? As respostas que o mundo me dava não satisfaziam. E aos poucos fui descobrindo que existe uma enorme diferença entre a "generosidade que os humanos criaram dentro do seu entendimento" e a "generosidade Divina", ou seja a generosidade de Deus.
Na generosidade humana existe um ranço de parasitismo, de manipulação, de hipocrisia.
Na generosidade Divina existe a presença constante de Deus e a sua lei do carma. Tu colhes o que plantas. E quantas vezes nos perguntamos: Se Deus é generoso porque permite que tantas dores e desgraças aconteçam?
E eu penso que Deus sempre tenta nos realinhar na semeadura. No começo ele nos ajuda pelo amor, mas como cegos, não percebemos. Neste caso resta-Lhe nos ajudar pela dor.
Mas voltemos ao nosso tema.
Osho me trouxe muitas respostas. Aliás ele foi o primeiro mestre que realmente me domou e trouxe respostas lúcidas, alegres e isentas de hipocrisias, e que finalmente começaram a abrandar o meu coração. Portanto permitiu uma aproximação que segue acontecendo dos meus pensamentos e sentimentos com a minha alma.Hoje evito, me vigiando a todo tempo, de julgar, comparar, competir e criticar. Simplesmente procuro fazer a minha parte. Isto me torna feliz e com vontade de transbordar. O que?
Vejamos o que OSHO falou em uma de suas palestras sobre a generosidade:
A generosidade é a verdadeira riqueza. E para ser generoso, para partilhar, você não precisa de muita coisa. Para ser generoso, você só precisa partilhar qualquer coisa que tenha. Você pode não ter muito - essa não é a questão. Quem tem muito? Quem pode alguma vez ter o bastante?
Nunca é muito, nunca é o bastante. Você pode não ser absolutamente nada, pode ser apenas um mendigo da rua, mas ainda assim pode ser generoso. Você não pode sorrir quando um estranho passa? Você pode sorrir, pode dividir seu ser com o estranho, e então você é generoso. Você não pode cantar quando alguém está triste? Você pode ser generoso - os sorrisos nada custam. Mas você ficou tão miserável que, mesmo antes de sorrir, pensa três vezes: sorrir ou não sorrir? Cantar ou não cantar? Dançar ou não dançar - aliás, ser ou não ser? Partilhe seu ser, se você não tiver nada; essa é a maior riqueza - todos nascem com ela. Partilhe seu ser! Estenda sua mão, dirija-se ao outro com amor no coração. Não considere ninguém como um estranho. Ninguém o é; ou todos são. Se você partilha, ninguém é; se não partilha, todos são.
Você pode ser alguém muito rico, mas um miserável, se não partilha. E então seus próprios filhos são estranhos, então sua própria esposa é uma estranha - porque como pode alguém se encontrar com um homem miserável? Ele está fechado, já está morto no seu túmulo. Como pode você caminhar em direção a um homem miserável? Se o fizer, ele foge. Está sempre com medo, porque sempre que alguém se aproxima, o compartilhar começa. Até um aperto de mão a pessoa miserável sente que é perigoso, porque, quem sabe? - uma amizade pode nascer daí, e então existe perigo.
Uma pessoa miserável está sempre alerta, em defesa, para não permitir que alguém chegue muito perto. Ela mantém todos à distância. Um sorriso é perigoso porque quebra as distâncias. Se você sorri a um mendigo na rua, a distância é quebrada, ele já não é um mendigo, tornou-se um amigo. E, então, se ele estiver com fome, você terá que fazer alguma coisa. É melhor ficar sem sorrir, é mais seguro, mais econômico, menos perigoso - nenhum risco nisso.
Não é uma questão de partilhar alguma coisa, mas de simplesmente partilhar - qualquer coisa que você tenha! Se você não tem outra coisa, tem ainda um corpo quente - você pode se sentar perto de alguém e dar-lhe seu calor. Você pode sorrir, dançar, cantar, rir e ajudar o outro a rir. E quando duas pessoas riem juntas, seus seres se tornam um nesse momento; quando duas pessoas sorriem juntas, subitamente toda a distância se dissolve - vocês estão conectados.
Portanto, não pense que para ser generoso você precisa ser rico. É exatamente o contrário: se você quer ser rico, seja generoso. E tantas riquezas estão disponíveis sempre, tantas dádivas você traz com sua vida e leva outra vez quando morre. Você podia ter partilhado e, com isto, poderia ter consciência do quanto a existência o faz rico e como você vive pobre.
E quanto mais você partilha, mais seu ser começa a fluir. Quanto mais ele flui, mais e mais novas fontes alimentam o rio, e você permanece renovado.
Somente um ser humano generoso é renovado. Um ser humano não-generoso, fechado, miserável, torna-se sujo - está propenso a ficar assim. Exatamente como um poço. Ninguém o usa, o poço não tem possibilidade de dar sua água a ninguém; então, o que acontecerá com ele? Novas fontes não o estarão suprindo, porque não há necessidade. A água velha ficará cada vez mais e mais suja; o poço inteiro estará morto. Águas frescas não estarão chegando até ele. É assim que tem acontecido a muitos de vocês.
Convide as pessoas a compartilhar de você.
Convide as pessoas a beber de você.
Esse é o significado do que Jesus diz: "Bebam de mim! Comam de mim"! Quanto mais você se alimenta dele, mais Jesus cresce. Quanto mais você bebe dele, mais as águas frescas fluem. As riquezas que a vida lhe doou não são limitadas, mas só um ser humano generoso pode saber disso. Elas são ilimitadas. Você não é uma companhia de recursos limitados, mas de recursos ilimitados. Atrás de você, o Divino está escondido. Ninguém pode exauri-lo. Cante quantas canções puder, e você não será exaurido; até pelo contrário, melhores e melhores canções virão.
Osho
Extraído do livro: "Antes que você morra" da Editora Madras(Trata-se de palestras sobre os ensinamentos sufis, proferidas por Osho, em abril de 1975, no seu ashram em Poona, Índia).
Em janeiro de 98 fui sozinha para este ashram na Índia. Lá chegando, na estação Victoria Station de Bombaim me senti pela primeira vez um NADA. Senti o maior medo de minha vida, quando às 4-5 horas da manhã, estava cercada por centenas de indianos miseráveis, que dormiam no chão desta estação.
Estas pessoas me olhavam como um ser estranho, não falavam a minha língua ou o inglês e poderiam fazer qualquer coisa comigo e ninguém jamais saberia de mim. Entrei num pânico profundo, e uma pessoa, ou melhor, um anjo me tirou desta situação. Quem foi esta pessoa? Um carregador, vestido de forma suja e miserável, que praticamente morava nesta estação e falava um pouquinho de inglês. Ele CUIDOU de mim durante todo o tempo que estive nesta estação (3 horas). Eu escrevi cuidou com maiúsculas porque foi exatamente o que este quase mendigo fez comigo.
Ao finalmente embarcar no trem expresso com destino a Poona eu lhe dei 300 rúpias (=/-US$10,00) que depois fiquei sabendo ser uma fortuna para eles. E chorava agradecida pelo gentleman que ele foi. Mas eu não só lhe dei o dinheiro, que sei, na situação dele era algo importante, mas fiz questão de demonstrar o meu agradecimento e reconhecimento do valor que ele teve para mim. Do que ele fez por mim. Engraçado! No dia em que mais senti medo e mais me senti um nada, fui salva por uma pessoa tão inesperadamente linda. Como gostaria de rever este homem. Ou melhor, estou sempre vendo este homem em todas as pessoas que passam pela minha vida.
Na verdade, sempre me perguntam sobre o que mais me encantou na Índia?
E respondo sem dúvidas: A alegria e generosidade dos indianos.
Texto de Conceição Trucom - www.docelimao.com.br
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